Há coisas que insuportavelmente nos ferem os ouvidos, sobretudo se vindas de quem, por inerência de funções (jornalistas, políticos, outras figuras públicas) tem por obrigação, missão, o que queiram, falar correctamente a língua-mãe.
Um desvio que me arrepia particularmente (e que agora oiço diariamente na TSF, incluído num anúncio matutino a uma comédia em cena) é a terminação em -s da 2.ª pessoa do singular do passado (pretérito perfeito) :
"Então e tu, o que fizestes??" pergunta a actriz Ana Bola, impante no seu linguajar de "mulher do povo"- superficial, brejeira, inculta.
Fala como compete à sua personagem? É a própria actriz que, inadvertidamente, comete o erro?
Será isto uma inocente (?) incapacidade de pensar, como referia o meu aluno?
Será antes o elogio-apologia da mediocridade cultivada e incentivada? A ignorância instituída como objectivo último, inconfessado, e muito pouco inocente?
Vem-me à memória uma frase (não batida, como na canção do Sérgio Godinho) - uma frase antiga: «O povo quer-se ignorante!» ou uma outra, bem mais tenebrosa: "Quando me falam de cultura, saco logo da pistola!"
- Um doce para quem identificar a autoria destas pérolas...
E ... já agora ... tirem lá o 's' da 2.ª pessoa do singular: eu fiz, tu fizeste, ... vós fizestes
por: ana lima
Sem comentários:
Enviar um comentário