“Flaubert ensina-nos a olhar para a verdade e não a temer as
suas consequências; ensina-nos, como Montaigne, a dormir na almofada da dúvida;
ensina-nos a dissecar as partes constituintes da realidade e a observar que a
natureza é sempre uma mistura de géneros; ensina-nos o uso mais exacto da
língua; ensina-nos a não nos aproximarmos de um livro em busca de pílulas
morais ou sociais; a literatura não é uma farmocopeia; ensina-nos a
superioridade da Verdade, da beleza, do Sentimento e do Estilo. E, se
estudarmos a sua vida privada ensina a coragem, o estoicismo, a amizade; a
importância da inteligência, do ceticismo e da imaginação; a palermice do
patriotismo barato; a virtude de ser capaz de ficar sozinho no quarto; o ódio à
hipocrisia; a desconfiança nas teorias; a necessidade de falar com
simplicidade. É assim que gosta de ver os escritores serem descritos?”
Julian Barnes nasceu em Leicester e vive em Londres desde 1946. É autor de mais de uma vintena de livros e foi agraciado, em 2011, com o Prémio Man Booker pelo seu romance O Sentido do Fim. Três dos seus romances foram, aliás, finalistas deste prémio, entre eles, justamente, O Papagaio de Flaubert, também galardoado com os prémios Medicis e Fémina.
O Papagaio de Flaubert, de Julian Barnes, (Quetzal, 2019, 2.ª ed.) é um livro brilhante e delicioso.
Quem é Gustave Flaubert?
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