9 de fevereiro de 2009

trova do vento que passa-versão Amália

Foi um dos ícones de uma época: Fado, Futebol e Fátima. E, junto com Eusébio, a face mais visível do Portugal que então ousava mostrar-se ao mundo. Com uma presença sedutora e uma voz inimitável, Amália Rodrigues representava, cantava, encantava. Do seu reportório de fados constam poetas populares e outros eruditos, como Camões, David Mourão-Ferreira, Manuel Alegre .. Deste último é o poema abaixo: Trova do Vento que Passa

Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu país
O vento cala a desgraça
O vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
Tanto sonho à flor das águas
Os rios não me sossegam
Levam sonhos deixam mágoas.2x

Levam sonhos deixam mágoas
Ai rios do meu país
Minha pátria à flor das águas
Para onde vais, ninguém diz.

Se verde trevo desfolhas
Pede notícias e diz
Ao trevo de quatro folhas
Que morro por meu país. 3x

letra de Manuel Alegre ; música de Alain Oulman (som na imagem)

Mas porque, a par dos cantores e fadistas que entretinham (ainda que magistralmente) havia, mais ou menos na mesma época, os outros, os que intervinham (chamados cantores de intervenção), este mesmo poema, do mesmo Manuel Alegre, tem, cantado, duas versões distintas. Numa, a que aqui consta, incluíram-se apenas as primeiras 4 quadras, onde se 'choram' mágoas difusas, inexplícitas, mais ou menos inócuas: poderiam ser coitas de amor, saudade porque sim. A outra versão dispensa a 'modorra' das estrofes do meio. Aponta razões, culpas, caminhos. Vai descendo num libelo acusatório, cada vez mais fundo, cada vez mais clamor, cada vez mais, outra coisa.
Vejam as diferenças, se quiserem: aqui

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