Pois, este tipo de cegueira afecta sobretudo os 'pobres de espírito' ou, como diz o próprio Saramago, "a estupidez não escolhe entre cegos e não-cegos" ...
Aconteceu nos EUA como podia ter acontecido por cá ... José Saramago gerando polémica, mais uma vez. Por mim, acho até bom - é a separação das águas ... porque isto do pensar, realmente, é prática muuuito selectiva, cada vez mais arredada dos nossos quotidianozinhos. Eu, no seu lugar, não me dava sequer ao trabalho de responder. E não, não tem nada a ver com qualquer forma de discriminação óbvia. Só contra a estupidez: a dos americanos (proverbial-, sintomaticamente encarnada na figura do seu quase, quase ex-presidente) - e a dos outros.
"Isto não é uma polémica", referiu Saramago, "é uma reacção de mau humor. Porque para existir uma polémica, são precisos dois interlocutores". E, neste caso, trata-se de uma associação de invisuais que "decidiu ter uma opinião sobre um filme que, infelizmente, não pôde ver". Para o escritor, tanto o livro como a sua adaptação cinematográfica "são perfeitamente actuais, sobretudo nestes dias agitados que se vivem nos Estados Unidos". (in Sic Online)
sobre o romance que deu origem ao filme:
"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." Palavras de José Saramago, na apresentação pública do seu romance 'Ensaio sobre a Cegueira':
"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."
O filme, que conta com a interpretação de Julianne Moore, Mark Ruffalo, Danny Glover e Gael García Bernal, foi apresentado pela primeira vez em Maio, na abertura do Festival de Cinema de Cannes e em Portugal tem estreia marcada para 13 de Novembro.
postado por ana lima
3 comentários:
Gostaria de comentar esta opiniao dos americanos com base na opiniao de um personagem do livro chamado "Kafka na margem".
Fala das "pessoas ocas", incapazes de admitir que erram ou de saber sequer o que é um erro. Estas têm por hábito atacar, sem necessidade de motivos válidos, aquilo que desconhecem.
Porque nao tendo nada dentro, qualquer ideia que alguém lhes ponha será suficiente para as levar a agir, a atacar.
Como se costuma dizer nos filmes de serie B americanos, pessoas que "disparam primeiro e fazem preguntas depois". Cegos que nao vendo nao podem ver.
Parabens pelo blog e pelas páginas. Há cultura nelas, seja o que se pense da cultura nos tempos que correm.
Há certas pessoas cujo trabalho ainda pertence aquela ideia de escola que com o tempo se perdeu.
Porque a escola tb está cheia de pessoas ocas que a transformaram numa pré fábrica (ou pré centro comercial), lugar de sombras na caverna da mediocridade. Podemos pensar que estamos no inferno sem o saber mas é mentira. Sabemos que estamos no inferno e gostamos.
Nestas páginas podemos encontrar educaçao (aquela que a escola já nao proporciona) e por isso dou os parabéns a quem as fez!
Oblige:
Obridada, muito, muito, pelo texto óptimo: extremamente bem escrito, lúcido, inteligente, crítico, certeiro - um dedo na ferida!- carregado de sal ...
E concordo: vivemos no inferno, e gostamos de chafurdar nele... ou na paz podre do deserto, que vai dar ao mesmo...
Obrigada, também, pelos parabéns, pelo incentivo: para mim, fazer as páginas, é quase uma questão de sobrevivência mental. Um mundo de ideias onde mergulho e me refugio -me protejo, da estupidez, da mediocridade elevada a condição si ne qua non... A propósito, uma citação (que abraço totalmente), do Cruzeiro Seixas: "Quanto mais vejo à minha volta gente feliz e realizada, mais vontade tenho de ser apenas um falhado!"
Só mais uma coisa: gostava de o/a citar sb aquela visão do personagem do "Kafka na Margem - posso? - o autor, quem é?
Então obrigada, mais uma vez. Espero vê-lo/a por cá de novo!
ana lima
Bom, como sabe a minha opinião sobre os livros de José Saramago não é muito positiva. Primeiro porque penso que para apreciar e compreender este tipo de literatura tão especifica é necessária uma certa idade mental e a verdade é que a primeira obra com qual tomamos contacto de José Saramago é no 9º ano e intitula-se 'O conto da ilha desconhecida'' que é de facto uma história com uma final muito pouco óbvio e ainda menos especifico. Quanto à ''Jangada de pedra'' não consigo, não agora ler pois, acho que o livro é uma enorme confusão.
''O ensaio sobre a cegueira'' ainda que, José Saramago não seja dos meus escritores preferidos pelo que referi acima, é o melhor livro que já escreveu, NA MINHA OPINIÃO. E de facto, já o tinha tentado ler várias vezes na fnac e estou realmente curiosa em relação ao seu desfecho e ao filme que chega a estas bandas dia 13 de Novembro.
Origada.
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