17 de outubro de 2008

2 poemas de Eugénio de Andrade

Para desanuviar das canções (:D), outra música, agora: a da poesia.
O Eugénio de Andrade é, talvez, o meu poeta preferido ... Podem ler/ver mais coisas dele [têm de o procurar e seguir os links] - aqui
Vejam se gostam e deixem um comentário, ok, sweeties?:D
E ... sugiram também poetas, romancistas, livros, gente de ideias !!


AS PALAVRAS

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas,
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?



URGENTEMENTE

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar a alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Se gostaram, podem ler mais poemas aqui ... e ... aqui

postado por ana lima

1 comentário:

Anónimo disse...

São os dois poemas lindos!
mas gosto principalmente do 1º
é verdade...
usamo-las tão mal e realmente esquecemo-nos que são de cristal