30 de novembro de 2008

música ao domingo II - John Mayer e Eric Clapton

John Mayer e Eric Clapton juntos e ao vivo.
Grande música no fim de um Domingo cinzento e frio.

John Mayer e Eric Clapton - Crossroads



(Num programa da ABC News)
f.n.

música ao domingo: Radiohead

A pedido do 'stor' :-) Carlos Milho, uma música de excepção com um vídeo absolutamente delicioso (faço minhas as tuas palavras..) :

Street spirit [Fade Out] , dos Radiohead

site oficial dos Radiohead: aqui

a.l.

28 de novembro de 2008

rock alternativo: PJ Harvey

De Polly Jean (PJ) Harvey, uma cantora e compositora britânica, e um ícone do rock alternativo das décadas de 80 e 90: Rid of Me

PJ Harvey playing solo live at Bridgewater Hall, Manchester 07/07/07

ouvir aqui : The Mountain, do seu novo álbum, "White Chalk"

com Nick Cave: ' Henry Lee ' - breathtaking! (letra aqui)

a.l.

literatura: venenos de deus, remédios do diabo

  • Aos 10 anos todos nos dizem que somos espertos, mas que nos faltam ideias próprias.
  • Aos 20 anos dizem que somos muito espertos, mas que não venhamos com ideias.
  • Aos 30 anos pensamos que ninguém mais tem ideias.
  • Aos 40 achamos que as ideias dos outros são todas nossas.
  • Aos 50 pensamos com suficiente sabedoria para já não ter ideias.
  • Aos 6o ainda temos ideias, mas esquecemos do que estávamos a pensar.
  • Aos 70, só pensar já nos faz dormir.
  • Aos 80 só pensamos quando dormimos.
fala de Bartolomeu Sozinho, mais filósofo que marinheiro, personagem de Venenos de Deus, Remédios do Diabo, o último romance do escritor moçambicano Mia Couto. (clicar no nome para ler entrevista no JL)
a.l.

26 de novembro de 2008

a tua música: Enya

A pedido do Fred, do 10.ºB:

Enya - May It Be

a.l.

a literatura, as paixões: Carlos Ruiz Zafón

«Da próxima vez que quiseres salvar
um livro, não precisas de arriscar a vida ..!
Vou levar-te a um lugar secreto,
onde os livros nunca morrem,
e onde ninguém pode destruí-los! »

Este, o lugar mágico de A Sombra do Vento, o livro que tornou famoso o seu autor, Carlos Ruiz Zafón, também compositor... Um lugar que podes agora revisitar em O Jogo do Anjo, um romance em que Zafón te transporta, de novo, à Barcelona do Cemitério dos Livros Esquecidos. Um labirinto de segredos onde a intriga, o mistério, o feitiço dos livros e a paixão se conjugam num relato empolgante.
Encontra-lo na Feira do Livro, até 6ª...

mas antes, o que te deixamos, AQUI , é um convite: entra, olha por um instante o azul...há um dragão...fixa-te na espiral da cauda ... deixa-te hipnotizar ... agora fecha os olhos ... ouve o piano ...

a. l.

23 de novembro de 2008

Feira do Livro

Decorre entre os dias 24 e 28 de Novembro a Feira do Livro na ESAG (Átrio superior do Pav. H).
Muitas Novidades a preços tentadores.

Aguardamos a vossa visita.

A Feira decorre entre as 9h e as 15h30min, de 2ª a 5ª( infelizmente a falta de auxiliares impede-nos de vos proporcionar um horário mais alargado) .
Sexta feira estaremos abertos à comunidade até às 20h.

Postado por: Rosário Lopes

22 de novembro de 2008

a nossa música: DeVotchka

Não sei se já conheciam, mas a música é óptima, diferente... faz lembrar os filmes do Kusturica. Os DeVotchka (um quarteto vocal e instrumental de Denver, Colorado) misturam estilos de música romena, grega, eslava, húngara, etc, etc, com raízes de punk e folk americano. Têm um site oficial (em baixo, a não perder!) e estão no myspace, no facebook, no flickr.

Espero que gostem!

DeVotchka - How it ends

aqui, o site oficial, com mais músicas dos DeVotchka

a.l.

21 de novembro de 2008

livros novos na BIB

Para começar, uma citação de Saramago sobre géneros literários (a renovação de conceitos): «... em minha opinião, o romance deixou de ser um género para se transformar num espaço literário aonde tudo pode e deve confluir. Até a filosofia. » A citação é retirada de uma entrevista (clicar aqui) que Saramago deu a jornais brasileiros e em que fala do seu novo romance]

Agora a imagem: é um quadro de Pablo Picasso, chama-se "La Lectura", e gosto tanto dela q a ponho aqui sp q posso ... :-)

Relativamente ao título deste post, as novidades: a biblioteca da ESAG adquiriu vários novos livros para requisição domiciliária, nomeadamente:

Já sabem, durante 15 dias (prorrogáveis) podem ter qualquer * destas obras em casa: páginas e páginas de puro deleite!

* a do Julio Cortázar requisitei-a eu, terão de esperar... :-)

Boas leituras, então!

postado por ana lima

19 de novembro de 2008

a Ibéria e Pérez-Reverte

Lisboa, 19 Nov (Lusa) - O escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte defendeu a existência de uma Ibéria, um país único, sem fronteiras que separem Espanha e Portugal, porque é "um absurdo" que os dois países vivam "tão desconhecidos um do outro". [como já sabem .. verdad? .. anda alguém tratando de inverter esta situação...]

"Há uma Ibéria indiscutível que está entre os Pirinéus e o estreito de Gibraltar, com comida, raça, costumes, história em comum e as fronteiras são completamente artificiais", disse o escritor à agência Lusa, de passagem por Portugal a propósito do lançamento do se último romance, "Um dia de cólera".

Para Pérez-Reverte, o maior erro histórico de Filipe II, no século XVI, foi não ter escolhido Lisboa como capital do império: "Teria sido mais justo haver uma Ibéria, e a história do mundo teria sido diferente".

O escritor disse que essa Ibéria não existe hoje administrativamente, mas "qualquer espanhol que venha a Portugal sente-se em casa e qualquer português que vá a Espanha sente o mesmo".
"Houve dificuldades históricas que nos separaram, mas a Ibéria existe. Náo é um mito de Saramago, nem dos historiadores romanos. É uma realidade incontestável" que precisa de um empurrão social e não político para concretizar o projecto, disse.

Arturo Pérez-Reverte, 57 anos, é um dos escritores mais populares das letras espanholas da actualidade, com obra traduzida em quase trinta idiomas. Antigo repórter de guerra, dedica-se em exclusivo à escrita desde finais dos anos 1980.


postado por ana lima

a tua música: Carlos Paião

A pedido do Tiago Martins, o comentador mais fiel deste blogue, aqui fica:

"Pó de Arroz", de Carlos Paião

a. l.

17 de novembro de 2008

'chocolate' em Madrid

Hoje, 17 de Novembro, terá lugar em Madrid, ainda e sempre no âmbito da VI Mostra, o concerto de Maria João e Mário Laginha, na Sala das Colunas do Círculo de Belas Artes.

A dupla portuguesa regressa assim ao contacto com o público espanhol, ao fim de um interregno de cerca de dois anos.

O espectáculo de hoje contará já com o repertório do seu novo trabalho: Chocolate, editado este mês em Portugal.

«O que nos une é o amor puro, pela música e um pelo outro, por isso escolhemos o nome Chocolate", explicou Maria João. Para a cantora, que “adora chocolate”, “a música é muito saborosa, é como se os sons fossem bocadinhos de chocolate».


Não é ainda o sabor de 'Chocolate', mas a degustação de uns momentos delirantes na Aula Magna de Lisboa, ao vivo:

Maria João e Mário Laginha - Tralha


postado por ana lima

16 de novembro de 2008

Mia Couto: E se Obama fosse africano?

Texto do escritor moçambicano Mia Couto. Desapaixonado, lúcido, e dorido. Elucidativo, também .. Não deixem de ler!

Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.

Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.

Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.

Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: " E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.

E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?

1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.

2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.

3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.

4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).

5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas - tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.

6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.

Inconclusivas conclusões

Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.

Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.

A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.

Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.

No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.

Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.

postado por ana lima

15 de novembro de 2008

"com açúcar, com afecto": Chico César

Chico César (clicar para aceder ao site oficial) , músico, compositor, poeta brasileiro, lançou, há anos, um CD, 'AOS VIVOS', com músicas superlativas, todas elas.

Ver aqui as letras e algumas dessa músicas - 'À primeira vista' é uma das que estão disponíveis ..

- aqui ficam (com açúcar, com afecto..) 2 das que encontrei no Youtube:

Chico Cesar & Ana Carolina : Mulher Eu Sei

e ainda ... Lenine & Chico César : Templo

e aqui, uma página de música cantada em português - vejam e digam se gostaram, sim?

a.l.

Martin Luther King, in memoriam: 'we shall overcome'

Depois que, nos EU, o 'sonho' de Martin Luther King Jr. (clicar no nome para aceder a uma página de que gosto particularmente) parece ter começado a realizar-se, com a eleição de Barack Obama, aqui fica uma citação desse humanista, lutador pacifista, herói-vítima das suas convicções, na defesa do que deveriam ser, para todos nós, direitos inalienáveis, imperecíveis: justiça, liberdade, igualdade, fraternidade!

"Há dois tipos de leis: as justas e as injustas.
É nossa obrigação, não apenas legal, mas moral, obedecer às leis justas.
Por outro lado, temos a responsabilidade moral de desobedecer às leis injustas. Aquele que quebra a lei deve fazê-lo abertamente, amorosamente, e estar disposto a aceitar a pena."

Martin Luther King


Aqui: I HAVE A DREAM - as imagens históricas,o testemunho, a voz, de MLK Jr


postado por ana lima

12 de novembro de 2008

Zeca Afonso, homenagem em Madrid

Curtindo uma gripe e a nostalgia, aqui fica um post recheado de boas músicas. Vão clicando, e deliciem-se ...

ASP – Lusa - JN- Madrid, 11 Nov (Lusa) - Os 20 anos da morte de Zeca Afonso serviram na passada segunda-feira à noite de pano de fundo para um debate em Madrid (no âmbito da VI Mostra da Cultura Portuguesa - post 27 out) sobre o papel da música nas transições para a democracia em Portugal e Espanha. O debate foi protagonizado, entre outros, pelos músicos Luis Pastor e Júlio Pereira.

Luis Pastor (clicar para ouvir: 'cantautor extremeño' -lindo!) , o músico espanhol que mais cantou Zeca Afonso - e que também se tornou famoso pela sua obra política e de intervenção - recordou que
"Havia muitos músicos e muitos artistas espanhóis que não conheciam Zeca Afonso e a sua obra. "
"Mas quem ouvia pela primeira vez, a lírica, a música, enamorava-se", recordou (clicar aqui para ouvir: Canção de embalar).
"Acabou por ter um impacto tremendo tanto entre os músicos espanhóis como entre o público. E acabou por ser a porta de entrada para se conhecerem outras vozes portuguesas da altura", disse. [clicar aqui - post 25 Abril 08- para ouvir uma selecção da melhor música que por cá se fazia]

Para Luis Pastor, "numa época em que a música começou a ser vista como uma arma, Zeca Afonso surge como referencial obrigatório, a nível moral e de compromisso" - tanto no espaço ibérico, como fora dele. "Era um homem contra a corrente, mas que recuperava a canção popular, um professor, um pedagogo", sublinhou.

"Tudo é redutor quando se fala de Zeca Afonso", acrescentou o músico português Júlio Pereira (clicar no nome para ouvir uma actuação espantosa!), destacando a vontade de José Afonso de exportar o que era a cultura portuguesa para outros espaços.

João de Melo (clicar nas palavras sublinhadas), 'pai' da Mostra Portuguesa e conselheiro cultural da embaixada de Portugal em Madrid, (clicar também aqui para ver programa, em pdf), rematou o debate recordando a importância que Zeca Afonso teve na formação da consciência de todos os portugueses, tanto dentro como fora do mundo da música. "Cada um de nós tem uma história pessoal com Zeca Afonso, e hoje não me imagino a olhar para Portugal, para o que aconteceu nas últimas décadas, sem incluir Zeca Afonso", disse.

aqui
, aquela que é uma das suas músicas mais emblemáticas
a letra: aqui, em rascunho (pelo próprio) , e aqui

José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, que ficou conhecido como José Afonso (clicar aqui para ver animação e música, lindíssimas, as 2 -post de 25 Out) ou Zeca Afonso, foi um dos mais importantes cultores do fado de Coimbra e tornou-se depois o maior símbolo da canção de intervenção contra o regime político que se vivia em Portugal. "Um homem que", nas palavras de Júlio Pereira, "foi muito mais do que músico. Um homem que conhecia e queria saber do mundo, que era genuinamente humano. Que gostava mais das pessoas que da música"

José Afonso: Balada de Outono

a.l.

sátira, de António Lobo Antunes

Sátira aos HOMENS quando estão com gripe

Pachos na testa,
terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sózinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

ANTÓNIO LOBO ANTUNES

a.l.

11 de novembro de 2008

Concurso "dia@dia a aprender"

Ranking, após 36 questões

Tiago Pinto 9º F
Maria Almeida 7º A
Diana Carvalho 7º E
Miguel Barreira 9º F
Miguel Pessanha 7º A
Daniela Mateus 7º A
Lucas 9º C
Mariana Soares 8º D
Catarina Prudêncio 7º E
João Carmo 8º B
Francisco Carvalho 7ºA
Inês Brás 8º D
Diogo Leitão 7º D
Maria Beatriz 8º D
Sara Pereira 7º A
Cláudia Custódio 10º C
Inês Lopes 10ª A
Rita Carvalho 7º A
Carlos 8º E
Diogo Fernandes 7º D


Podes consultar, quinzenalmente, neste espaço ou na Biblioteca o TOP 10 deste Concurso.
Este ano há prémios por período, para o melhor aluno.
Participa!!
Esperamos por ti na BE
postado por: Fernando Nabais

Lhasa de Sela: con toda palavra

et encore ... e ainda ... en français:

Magnifique chanson de l'album trilingue de Lhasa "The living road" : La Confession

a. l.

9 de novembro de 2008

aos nossos alunos

Pelo muito que me tocou, publico aqui um comentário que o Tiago Martins, do 12.ºC, deixou ontem no 'post' do Caetano Veloso:

«(...) não será talvez o espaço indicado, mas era só para deixar aqui o meu apoio incondicional a todos os professores que hoje se foram manifestar! Um bem haja para todos vós! Só quem está em contacto com estas pessoas sabe o quanto elas sofrem diariamente, a quantidade de cansaço e arrisco-me a dizer, tristeza, que todos os dias levam com elas - e não desistem! Sem dúvida os professores merecem uma maior dignidade! - que lhes está, aos poucos, a ser retirada! Cumprimentos a todos e um bom fim-de-semana! »

OBRIGADA, Tiago, muito, muito! E obrigada a todos os alunos (desta, de todas as escolas) que nos sabem ‘ler’, que nos apoiam. São vocês que dão sentido ao nosso trabalho! São vocês que, apesar de todas as "cegueiras" (..) , nos 'agarram', ainda, a esta profissão!

E em que outro espaço, Tiago, que não este (.... de comunicação com alunos, professores ...), faria mais sentido a declaração de uma solidariedade tão do fundo da alma, tão generosa, tão totalmente 'incondicional' ? Afinal, a expressão mais inequívoca dos afectos que vamos construindo, alunos e professores.

Porque EDUCAR é, também, (sobretudo?) 'criar laços' - indestrutíveis e para sempre!

OBRIGADA, Tiago, obrigada, AMIGOS!


postado por ana lima, uma dos 120.000 que ontem estiveram em Lisboa

7 de novembro de 2008

as paixões: a música, a voz de Caetano Veloso

um estado de alma .. e uma das músicas mais bonitas que conheço:
DRÃO (clicar aqui) - voz: Caetano Veloso; letra e música: Gilberto Gil


- para a Teresa Amaral (comentário em Pina Bausch), de novo o Caetano Veloso,
e uma cena do filme "Habla con ella", de Pedro Almodovar

postado por ana lima, no fim de uma semana extenuante ..

6 de novembro de 2008

música portuguesa: aprende a nadar companheiro!

de Sérgio Godinho, 'Maré Alta' , com imagens de uma revolução ..

mais música - da melhor - aqui : Zeca Afonso: 'O que faz falta'

postado por ana lima

a palavra a José Saramago ...

(...) "o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos".
José Saramago , in Ensaio sobre a Cegueira

e.. numa entrevista que, a propósito do lançamento do seu novo livro, 'A Viagem do Elefante', deu ontem (5 Nov) ao DN:

(...) «Se andássemos por aí a dizer exactamente o que pensamos - quando valesse a pena - teríamos outra forma de viver... Estamos numa apatia que parece que se tornou congénita e sinto-me obrigado a dizer o que penso sobre aquilo que me parece importante.»

eu ... assino por baixo ...

postado por ana lima

5 de novembro de 2008

L. Armstrong - e (ainda) a vitória de Obama

No dia em que o mundo celebra a vitória de Barack Obama, a voz espantosa de Louis Armstrong, cantando "What a wonderful world"

letra aqui

e ainda ... as reacções, por esse mundo fora, à vitória de Obama: in English, of course!! :-))

"What an inspiration. He is the first truly global U.S. president the world has ever had," said Pracha Kanjananont, a 29-year-old Thai sitting at a Starbuck's in Bangkok. "He had an Asian childhood, African parentage and has a Middle Eastern name. He is a truly global president."

"This is the fall of the Berlin Wall times ten," Rama Yade, France's black junior minister for human rights, told French radio. "America is rebecoming a New World.

In Britain, The Sun newspaper borrowed from Neil Armstrong's 1969 moon landing in describing Obama's election as "one giant leap for mankind."

postado por ana lima

dedicado a Martin Luther King e ao seu sonho

BBC news: Barack Obama vence eleição histórica , ao ser o primeiro presidente negro eleito nos Estados Unidos.

"Foi um caminho longo, mas hoje ... a mudança chegou à América!", disse o presidente eleito, falando a uma multidão em delírio que ontem se juntou em Chicago, conhecidos que foram os resultados.
E acrescentou:
"Se houver alguém que duvide que a América é um país onde tudo é possível, que ainda se pergunte se o sonho dos nossos fundadores sobrevive no tempo presente, que se questione sobre o poder da nossa democracia, tem nesta noite a sua resposta!"

Justin Webb, da BBC, afirma que "o povo Americano deixou claras duas evidências: que estão profundamente descontentes com o 'status quo', e que querem fechar a porta ao passado racista do seu país."
"A dream come true?"

- lembrando Martin Luther King Jr, no seu discurso em Washington, 1963:

«I have a dream today.»
«I have a dream that 'our' children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.»

"Free at last! free at last! thank God Almighty, we are free at last!"


postado por ana lima

4 de novembro de 2008

as paixões, a dança: Pina Bausch

Mazurca Fogo, 2007

postado por ana lima

a tua música: The Corrs

Da Ana Mestrinho (11.ºD), a música pedida: Little Wing, dos The Corrs, e respectiva mensagem (que achei uma delícia!:-)):

"Tá na altura da stora pôr aqui uma musiquinha escolhida por mim =) Lembrei-me desta música porque sei que a stora preocupa-se e vive angustiada com todas as injustiças do mundo (...) Esta música é do cantor Jimi Hendrix, mas é cantada nesta versão pelo grupo The Corrs, que a incluiram nos seus álbums em homenagem às crianças infelizes de todo o mundo, que passam fome e outras carências (...)
Veja, aprecie e partilhe com todos "

Pois então, aqui vai:

The Corrs - Little Wing (Unplugged)

Aqui , a versão original, de Jimi Hendrix : quizás mais autêntico, com uns espantosos solos de guitarra. E aqui, a letra da canção. Enjoy!

postado por ana lima

poesia: Mário Cesariny

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

Mário Cesariny


postado por ana lima

3 de novembro de 2008

música em português: Apesar de Você

De Chico Buarque, e porque... "amanhã há-de ser outro dia!"


postado por ana lima

2 de novembro de 2008

as paixões, os livros: Man in the Dark

Em vésperas de eleições nos Estados Unidos, a sugestão de uma leitura: Man in the Dark (clicar para ver sinopse, etc), um livro do escritor americano Paul Auster.
Numa estória dentro da estória, há um homem que, nas suas noites de insónia, vai imaginando, construindo uma América 'alternativa', cuja História começa no ano 2000, logo após a eleição de Bush. Revoltados com o resultado das eleições (em que Al Gore, reunindo mais votos, é, no entanto, derrotado - lembram-se daquelas contagens e recontagens?), os Estados começam a declarar a sua separação da União. O primeiro, claro! (ver em baixo porquê - 'claro' ) é o de Nova Iorque. Outros 15 se lhe seguirão e a América está em guerra. Nada de novo, só que, desta vez, não com o mundo, mas consigo própria.

Neste mundo paralelo, o 11 de Setembro (2001) nunca aconteceu. As torres gémeas continuam de pé. Não houve a invasão do Afganistão. Não há guerra no Iraque. «Há uma guerra civil em que não se disparam balas, mas sim ideias, e que se leva ao limite». Tão ou mais mortíferas, igualmente devastadoras. Ler aqui a entrevista do autor ao El País: - interessantíssima, elucidativa: «Nos EU há dois mundos que não comunicam entre si!»

O tema deste romance de Paul Auster 'nasce' de um inconformismo, uma não-aceitação do 'estado das coisas', no seu país: «Há oito anos, desde o golpe de estado legal que derrotou Al Gore, que sinto como se vivesse num mundo paralelo que acabou por tornar-se real, e tudo só tem vindo a piorar!»

Não é casualidade que a guerra civil de Brick (o 'homem no escuro') comece com a independência de Nova York. "E não é piada: há muita gente que pensa que NY deveria ser um Estado independente; tanto que, após o 11 de Setembro, houve uma revista de poesia que escreveu, na 1ª página: 'USA out of NYC'; muitos outros odeiam NY pelo que representa, com 40% da população vinda de fora...".
Acrescente-se que Auster votará em Obama ("em condições normais, tendo a Administração de Bush funcionado tão mal, Obama deveria ganhar, mas há a questão de ser negro: em 4 de Novembro veremos o quão racistas são os EU") - Paul Auster, ao El País

O livro, interessantíssimo, não está ainda traduzido em Portugal. Encontram-no na Fnac (ou podem encomendá-lo aqui ) na versão original. O Inglês é muito acessível. E .. recomendo-o vivamente! Vão ver que o lêem de um fôlego!:-)
Sobre o Paul Auster, há neste blog outro post, a 24 de Outubro. Podem vê-lo em vídeo, lendo excertos de 'Man in the dark' - garanto que vale a pena!:-)

postado por ana lima

1 de novembro de 2008

as paixões, a dança: Maurice Béjart

Claude Lelouch, assim se chama o realizador do filme "Les uns et les autres", cujo nome inspirou o post anterior... A cena de abertura é uma espantosa coreografia de Maurice Béjart, sobre música de Ravel, 'Bolero'. Espero que gostem! (E não deixem de ver o sítio do Ballet Lausanne: link no nome do coreógrafo!)

clicar aqui para ver a cena de abertura do filme

No vídeo abaixo, a versão completa do 'Bolero' de Ravel, com coreografia, também, de Maurice Béjart: uma espécie de 'pas de deux' moderno, um ' jogo no espelho ' transpirando sensualidade - dedicado a todos aqueles para quem a dança é uma paixão..


postado por ana lima

les uns ... et les autres: testemunho de uma ex-aluna da ESAG

A propósito de uma notícia publicada no Público de 30 de Outubro,"Audição aprovada por unanimidade: Ministra vai ao Parlamento explicar ideia de acabar com 'chumbos' até ao 9º ano" , onde se lê, nomeadamente, que:
(...) um dos dois relatores do documento do Conselho Nacional de Educação afirmou concordar que os alunos com mais dificuldades tenham mais acompanhamento desde que "isso não signifique que se generalize um sistema de passagens administrativas".
(...) o Conselho Nacional de Educação recomenda que o Ministério da Educação estude "soluções adoptadas noutros países" (...)
(...) o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, explicou que o Governo não quer proibir os chumbos, mas pretende reforçar "as estratégias e as medidas de apoio à recuperação de alunos, de forma a que a retenção e a repetição de ano deixem naturalmente de acontecer".

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Ora é precisamente aqui, nesta ideia da 'naturalidade' com que as coisas acontecem (ou não..) que entra o depoimento da ex-aluna da ESAG que, na semana passada (teve agora 2 semanas de férias) esteve numa aula da sua antiga turma. Às perguntas dos colegas, da professora, foi dando conta da sua nova realidade, agora frequentando uma escola suíça.
Deixo aqui uma transcrição abreviada do diálogo, do relato desta ex-aluna. Cada um que tire as devidas ilações...
  • "Então? Gostas da escola? Dos colegas, dos professores? As aulas são muito diferentes?"
  • "Bom, para começar, já estou no secundário. Cheguei lá, fiz exame de matemática e francês, puseram-me logo no 10.º ano!" (no comments ..)
  • "Gosto da escola, nas aulas aprende-se melhor, não há indisciplina (...) Além disso, para mim está a ser muito fácil, menos nas línguas." (tem 4, este ano, para o ano, mais 2). "Em Ciências, Matemática, estou a dar matéria que aqui já tinha estudado no ano passado." (oitavo ano). Lá os conteúdos são mais 'espalhados', não é tudo a correr, como aqui. Ah, e o secundário tem 4 anos. "
  • "Então e os professores?" (insisto)
  • "Os professores também são mais 'fixes' (nicer)"
  • "A sério?" (reajo, meio ofendida:-) - "Porquê? Como?"
  • "Sim, não são tão stressados, as aulas correm sempre bem. Se calhar é porque os alunos lá têm mais respeito, não se portam mal, estão interessados. É uma mentalidade diferente. Um aluno que 'chumbe' 2 anos é expulso da escola."
  • "Expulso da escola? Não pode ser!" (digo eu). "Então e a escolaridade obrigatória?"
  • "Quem me contou foi uma professora de lá. Mas também disse que nunca viu isso acontecer. Os alunos levam a escola a sério, não 'chumbam'. É outra mentalidade!"
  • E acrescentou, para os colegas:
  • "Sabem o que eles fazem durante os intervalos maiores? - Lêem livros!" (risos..) "E mais: lá toda a gente se deita cedo, tipo 8 da noite. De manhã as aulas também começam cedo (às 8), e eles, antes de irem para a escola, ligam a televisão na hora das notícias. Para estarem informados do que se passa no mundo." (mais risos..)
Nem mais! - les uns ... et les autres ... n a t u r a l m e n t e ! !

postado por ana lima